O eco silencioso do aquecimento global agora grita e já é sentido na pele

Uma crônica sobre a realidade das mudanças climáticas.

Por Pablo Vastei em 10/10/2023 às 16:42:15

Hoje, ao olharmos para o horizonte, vemos um cenário desolador, um testemunho silencioso das mudanças climáticas que antes eram apenas previsões distantes e quase inacreditáveis. A seca que assola o Brasil é mais do que um fenômeno meteorológico; é o eco do que ouvíamos quando éramos crianças sobre o aquecimento global. Com toda convicção, podemos dizer que foi um desastre anunciado, sim.

Lembro-me de minha infância, quando as conversas sobre o aquecimento global pareciam mais um roteiro de ficção científica do que uma realidade iminente. "O planeta está esquentando demais, os rios vão secar, a agricultura vai sofrer", diziam os especialistas. Naquela época, muitos de nós achavam essas previsões um exagero alarmista.

Hoje, porém, o calor escaldante e as paisagens áridas nos lembram de que o tempo da negação passou. A seca implacável que abrange vastas regiões do país é um lembrete doloroso de que as mudanças climáticas são reais e estão acontecendo agora. Os rios, que costumavam fluir com vigor, estão murchando, e os reservatórios, que antes eram abundantes, estão baixando perigosamente. A agricultura sofre, e os agricultores enfrentam uma batalha árdua para sobreviver, comunidades ribeirinhas estão isoladas, muitas delas sem água potável.

Tudo isso é impulsionado pela emissão desenfreada de gases de efeito estufa, um legado de anos de inação e negligência. As altas temperaturas, que agora afetam quase todas as regiões do Brasil, são um testemunho visual das mudanças que estamos vivenciando. O que antes parecia um futuro distante agora é nosso presente escaldante.

O Município de Santarém, no oeste do Pará, continua sem chuvas significativas que ajudem a aumentar o nível do Rio Tapajós. Com isso, o rio continua baixando de forma acentuada e nesta terça-feira (10) chegou à marca de 64 cm, o menor nível já registrado desde o ano 2000, quando começou o monitoramento no município. Essa situação é alarmante e nos lembra da seca que assola outras partes do Brasil. Assim como no cenário nacional, a diminuição drástica do nível do Rio Tapajós está causando preocupações sérias.

A seca muda o cenário de um dos principais cartões postais de Santarém - (Foto: Azomar Jati)

Enquanto alguns de nós olhamos para as praias vazias e piscinas secas, outros enfrentam a seca de uma maneira mais brutal. Se em Alter do Chão o cenário já preocupa, imagine em outras regiões do país, onde a realidade é ainda mais assustadora. As vidas e os meios de subsistência estão em jogo.

A lição que estamos aprendendo é clara: não podemos mais ignorar as advertências do passado. Precisamos agir agora, unir esforços e adotar práticas sustentáveis. É um chamado urgente para pressionar por políticas ambientais eficazes, antes que seja tarde demais para proteger nosso planeta e o futuro das próximas, e até mesmo dessa atual, geração.

Portanto, enquanto enfrentamos a seca severa no Brasil, lembramos que não estamos apenas combatendo a falta de chuva, mas sim as consequências de nossa própria inação. A seca é uma crônica viva do aquecimento global, um lembrete constante de que a ação é necessária agora, antes que o eco silencioso das mudanças climáticas se torne ensurdecedor demais para ignorar.

Foto: Azomar Jati
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